terça-feira, 29 de julho de 2014

Sábado foi "Dia dos Avós"


Fiquei sabendo que hoje é "Dia dos Avós", mas discordo da data - assim como discordo das demais datas comemorativas destinadas a homenagear as pessoas que amamos. 

As avós, aquelas com "a" maiúsculo que transcende a denominação do parentesco e atinge o "a" que compõe a palavra - e o sentimento - "amor", merecem gratidão diária. 
Quando eu ainda não podia andar com minhas próprias pernas, minha avó costumava me carregar no colo e colocar sobre uma mureta que enfeitava a fachada de sua casa - dali ela me mostrava o mundo que existia lá fora. Hoje, ela é quem não pode andar totalmente com as suas e, quando eu chego em Catanduva, trago o mundo para dentro de casa só para encher seus olhos já cansados de coisas novas. 
Minha avó não sabe ler - mulher, na época dela, não ia à escola. Mas, com ela, aprendi valores - tudo longe de giz, de lousa, de provas, de formalidades. E eu nunca aprendi tanto. 
Não tive referência de leituras obrigatórias para minha bagagem cultural, mas aprendi a colocar a família em primeiro lugar - nenhum emprego ou salário vale mais que passar o almoço de domingo junto daqueles que nos tem amor. 
Ela não me apresentou à músicas clássicas, mas adoçou meu ouvido com suas histórias. 
Com ela aprendi que o amor não é efêmero - minha avó, mesmo após a morte do meu avô, nunca tirou a aliança do dedo e o sentimento do coração.
Ela, com suas costas curvadas e mãos trêmulas, ainda consegue ser uma fortaleza murada, protegendo a tudo e a todos - guerreira que aposentou a espada e agora, quase sem forças, a utiliza de apoio para arrumar minha cama antes de dormir em todos os finais de semana que estou em casa. 

Minha avó não vai ler esse texto, - eu até poderia ler em voz alta, mas seus ouvidos não querem saber de palavras difíceis - ela vai receber todo o amor do mundo em forma de café e cookies quentinhos. Afinal de contas, ela também me ensinou que o amor não é coisa complicada para ser definido formalmente e, além disso, não se compra com presentes caros - o amor é simples e cabe numa assadeira de bolo, que transborda carinho ao corte do primeiro pedaço. 
Hoje, "Dia dos Avós", eu não faço um agradecimento especial - quando a gente recebe uma dádiva, é nosso dever agradecer e cuidar todos os dias, sem exceção. 
Avós são dádivas, flores para enfeitar a vida.

Minha vó é a flor mais bonita desse meu jardim.

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