Você compra "O Pequeno Príncipe" para dar de presente de aniversário para sua priminha de 10 anos e percebe que nunca parou para ler esse livro tão famoso, o qual todo mundo leu, mas, ao mesmo tempo, não leu.
Frase compartilhada no Facebook não vale. Ler um trecho de um contexto que o autor demorou meses para criar e adicionar o livro à lista dos já lidos é quase um desrespeito.
Sete da manhã, o sono não chega. Acho que chegou a hora de ler a história do principezinho.
Livro curto, cheio de desenhos, linguagem fácil, a vendedora disse que faz o maior sucesso com as crianças... De repente, no meio da leitura, um tapa na cara.
Onde é que estavam com a cabeça quando colocaram o livro na prateleira de "Literatura Infantil"?
É, talvez as crianças sintam o doce dessa massa literária cheia de cores. A inocência adocicando o amargo. Mas nós, adultos, demoramos a engolir a mistura que leva somente uma flor, uma raposa, uma caixa, um planeta, um menino e um aviador.
Adulto tem mágoa, tem ferida e cicatriz. Falta açúcar para disfarçar o gosto estranho que a leitura nos causa.
A camada superficial da história pode ser destinada ao público infantil, mas as mais profundas causam surpresas e sensações capazes de silenciar, de conduzir o olhar para algum ponto além da página, de fazer com que se cale ou que faça perguntas, e procure pelas respostas, dentro e fora do texto.
Não concordo com a famosa
"Tu te tornas ETERNAMENTE responsável por aquilo que cativas.".
Primeiro porque o eterno não é mensurável e, em segundo lugar, porque responsabilidade não deve ser atribuída, mas sim fluir livre.
Quanto ao restante das palavras e do sentindo do livro, sou obrigada a concordar.
E, se você ainda não concorda, é porque certamente não abriu os olhos.
"Tu não és para mim senão uma pessoa inteiramente igual a cem mil outras pessoas. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens necessidade de mim. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás pra mim o único no mundo. E eu serei para ti a única no mundo.
Mas eu não estava seguro.
Lembrava-me da raposa.
A gente corre risco de chorar um pouco quando se deixou cativar (...)."
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