terça-feira, 29 de julho de 2014

Quem muito grita não conhece a paz que reside no silêncio


"Fulana já tem 4 fotos com fulano no Instagram! A coisa tá séria!"

Ouvi isso de uma amiga na semana passada e, sem surpresa, notei que, em tempos de rede social, o tamanho do amor depende da quantidade de curtidas e de declarações públicas no mural expostas ao longo do relacionamento. 
A confiança, quando existe, sujeita-se às publicações ou fotos que o outro curte. E o companheirismo? Bom, esse fica restrito ao momento da pose.

Tirada a foto, as mãos se soltam e os olhos desencontram - mais vale o filtro certo ao toque e ao riso. Felicidade efêmera - dissolve no ar quando a luz do flash se apaga.

Declaração, hoje em dia, só vale se for online? No meu tempo, declaração boa de verdade tinha que ter folha, papel, saliva, sal de lágrima. 
E mais: quem foi o responsável por resumir a confiança, coisa de imensidão tão bela, à interações insignificantes nessas plataformas que surgiram para transmitir a falsa ideia de que a solidão faz mal?

Por muito tempo eu escolhi gritar - amor barulhento machuca os ouvidos. O ruído de milhares torna pequeno aquilo que existe entre dois. 
Bom mesmo é o silêncio - amor quieto cura a alma. A calmaria do riso de dois abafa a confusão do resto do mundo. 

Quanto à afirmação sobre a quantidade de fotos no Instagram: não acho que a coisa esteja séria. Afinal, coisa séria tem muito mais do que 4 fotos - tem solidez suficiente para não depender das curtidas do resto do universo para existir. 
Amor, quando é amor, basta-se.

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