terça-feira, 29 de julho de 2014

A negação


"A mente humana tem um mecanismo primitivo de autodefesa que nega qualquer realidade estressante demais para o cérebro. 
É o que chamamos de negação." 

Uma pena esse mecanismo primitivo não ser tão eficaz quanto aparenta. 
A ficha cai. Clichê ou não, ela cai e nos obrigada a aceitar. 
Afinal, que ficha é essa que insiste em acertar em cheio nosso sossego? Porção de metal imaginário que permanece quieta, estável e, de repente, despenca, ecoa e tumultua as águas antes tranquilas. 
Negar a realidade, no final das contas, só faz o tempo escorrer por entre os dedos. Quando você abre os olhos, as peças já não estão no lugar que você as deixou, e o pior: criaram independência e recusam voltar à sua forma anterior. 

Você briga com alguém querido, distancia-se e, quando o processo de negação deixa de existir, este alguém já não é mais o mesmo última vez. 
Você começa um projeto, encontra dificuldades, amassa o papel, acerta a lixeira e, quando quer retomá-lo, as imperfeições são tantas que não importa quanto peso você coloque sobre ele, liso e livre de rasgos nunca mais. 
Você foge, tranca a porta, faz questão de perder a chave e, quando a encontra novamente por acaso, a fechadura não é mais a mesma. 
A luz está acesa, mas, dessa vez, não é você quem vai apagá-la antes de dormir. 
E, nessa hora, não há mecanismo de negação capaz de curar o sentimento de invasão. O ser humano, assim como qualquer outro animal, odeia perder um espaço que já possuiu. 

O tempo, esse cara apressado, não dá uma trégua. 
Não volta, não para, não avança. Dono de si mesmo. 

O que resta é resgatar aquele álbum antigo de 95 e deixar que Oasis te console com seu "Don't Look Back in Anger".
My soul slides away.

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