"A mente humana tem um mecanismo primitivo de autodefesa que nega qualquer realidade estressante demais para o cérebro.
É o que chamamos de negação."
Uma pena esse mecanismo primitivo não ser tão eficaz quanto aparenta.
A ficha cai. Clichê ou não, ela cai e nos obrigada a aceitar.
Afinal, que ficha é essa que insiste em acertar em cheio nosso sossego? Porção de metal imaginário que permanece quieta, estável e, de repente, despenca, ecoa e tumultua as águas antes tranquilas.
Negar a realidade, no final das contas, só faz o tempo escorrer por entre os dedos. Quando você abre os olhos, as peças já não estão no lugar que você as deixou, e o pior: criaram independência e recusam voltar à sua forma anterior.
Você briga com alguém querido, distancia-se e, quando o processo de negação deixa de existir, este alguém já não é mais o mesmo última vez.
Você começa um projeto, encontra dificuldades, amassa o papel, acerta a lixeira e, quando quer retomá-lo, as imperfeições são tantas que não importa quanto peso você coloque sobre ele, liso e livre de rasgos nunca mais.
Você foge, tranca a porta, faz questão de perder a chave e, quando a encontra novamente por acaso, a fechadura não é mais a mesma.
A luz está acesa, mas, dessa vez, não é você quem vai apagá-la antes de dormir.
E, nessa hora, não há mecanismo de negação capaz de curar o sentimento de invasão. O ser humano, assim como qualquer outro animal, odeia perder um espaço que já possuiu.
O tempo, esse cara apressado, não dá uma trégua.
Não volta, não para, não avança. Dono de si mesmo.
O que resta é resgatar aquele álbum antigo de 95 e deixar que Oasis te console com seu "Don't Look Back in Anger".
My soul slides away.
Nenhum comentário:
Postar um comentário