terça-feira, 23 de agosto de 2016

5 coisas para não dizer a quem está em um relacionamento abusivo


Se você perceber que uma de suas amigas ou um de seus amigos está em um relacionamento abusivo, tenha cuidado. Relacionamento não é sinônimo de namoro, portanto, para sofrer abuso, físico ou psicológico, basta possuir algum tipo de ligação, seja profissional ou pessoal, próxima ou distante. Em muitos casos, somos controlados e manipulados sem consciência da dimensão daquela situação, por isso, é preciso, sim, que recebamos apoio e que sejamos encorajados, mas, acreditem, palavras mal pensadas podem potencializar ainda mais as consequências do abuso.

1) Por que você aceita essa situação? Você é burra(o)?
Quando em um relacionamento abusivo, a mulher ou o homem é levada(o) a questionar toda sua capacidade intelectual e inteligência emocional. Pouco a pouco, vai se apagando, sua autoconfiança começa a minar e o sentimento de culpa não a(o) deixa em paz. Chamá-la(o) de burra(o) só potencializa a depreciação que ela/ele vem sofrendo, além de acrescentar mais peso ao fardo de culpa que ela/ele insiste em carregar. Ela/ele não é burra(o). Ela/ele foi fragilizada(o) a ponto de não ter forças suficientes para tomar impulso e virar o jogo.
2) Só você não enxerga tudo isso.
Sim, é possível que a pessoa distorça a realidade para não encarar o sofrimento. Você não vai fazê-la(o) abrir os olhos com acusações. Mostrar-lhe os fatos reais é o começo de uma possível transformação, mas vá com calma. É bem provável que ela/ele seja constantemente manipulada(o), a ponto de acreditar que é louca(o) ou instável e, por isso, merece vivenciar todas aquelas situações ruins. Além disso, soma-se o fato de que, após um período, a mulher ou o homem que sofre abusos psicológicos não consegue dissociar a fantasia da realidade, o que a(o) leva a crer, muitas vezes, que o abusador pode ser a vítima.
3) Você tem o amor que merece.
Poxa, sério? Já basta a punição emocional do abusador. Vocês acham mesmo que qualquer homem ou mulher merece um relacionamento sem respeito?
4) Você só aceita tudo isso porque não tem amor-próprio.
Imagine conviver com alguém que sempre fala de cima para baixo com você. Agora, imagine que o alvo dessa pessoa é fazer você se sentir fraca(o) de modo que ele/ela possa ter poder. Ele/ela sempre justifica suas ações de modo a estar sempre certo(a) para você e os outros. Diante dessa situação, a mulher ou o homem sente-se solitária(o), apresenta extremo cansaço físico e emocional e nenhum desejo de cuidar de si mesma(o). Fica difícil falar de amor-próprio. O trabalho é árduo e vai muito além do apontar de dedos.
5) Desisto de você e de te dar conselhos sobre isso.
O relacionamento abusivo tem a solidão como principal sintoma. Isolar-se é o primeiro passo, já que falar sobre a angústia torna-se inconveniente. Quando não compartilhamos nossas angústias, a tendência é que elas encontrem outras brechas para extrapolar. Ficamos doentes, apáticos e desinteressados de tudo. Sabemos que ninguém quer ouvir a mesma história mil vezes ou repetir os mesmos conselhos outras mil, entretanto, há um longo caminho entre o fundo e a superfície. Acompanhar toda a trajetória, indicando a direção, é a maior prova de amizade nesse momento.
Quando uma pessoa querida está passando por uma situação semelhante, não devemos gritar, apontar os dedos, julgar ou puni-la com palavras. A cura só chega depois de muito amor e carinho. Às vezes, o melhor conselho é um abraço para que ela/ele consiga lembrar, mais uma vez, da sensação de se sentir amado(a) verdadeiramente. 
Toda cicatrização é lenta, por isso, não desista. Fique e mostre para ela/ele que o amor real não machuca, não adoece e não intoxica.

Uma estrela começa a morrer quando já não tem combustível para queimar. Seu núcleo entra em colapso até, finalmente, explodir. Dessa explosão, faz-se uma luz capaz de ofuscar o brilho de toda galáxia. Esteja ali para assistir ao espetáculo. Fique. 
Sair de um relacionamento abusivo é morrer para, então, brilhar

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