Essa história de que os opostos se atraem é pedra no sapato.
Fernando Anitelli, poeta do O Teatro Mágico, cantou em Realejo:
"Os opostos se distraem
Os dispostos se atraem."
Talvez seja isso que funcione como imã: estar disposto.
Enquanto você procura algum oposto para completar seu Yin-Yang outros mil dispostos estão ali, não para completar, mas somar e transbordar - e você, cego(a) que é, não vê.
A dualidade das coisas, complemento dentro de si, é encaixe.
Encaixes são limítrofes: são o que são, formas estáticas, sem surpresas.
Estar disposto não é sinônimo de encaixe perfeito - as formas podem não se combinar. Mas, na dança fluida de um seguir os passos do outro para encontrar equilíbrio, os limites são esquecidos: só resta o desejo e a vontade de construir uma forma que extravase e seja particular de dois que almejaram estar ali.
Estar disposto é isso - encarar as surpresas e fugir do pronto para erguer o próprio edifício, seja ele meio aberto, meio fechado, ou aberto por inteiro.
No final, não importa se é oposto, importa se há vontade de começar a construção e seguir até a etapa final - acabamento e árvore na entrada para desfrutar da calmaria do continuar da trajetória.
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