terça-feira, 22 de setembro de 2015

A espera


Esperar é como plantar um jardim. A angústia que antecede uma florada. Para que o jardim exista, é preciso terra. Mas, antes de tudo, sonho. As coisas existem primeiro do lado de dentro. Esperamos, então, para que elas possam também ser reais no mundo além de nós. Do lado de fora. 
Um jardim é, portanto, sonho que virou realidade. 
Eu ainda não tenho a terra, mas dentro de mim, ainda que pássaro sem asas, posso ouvir o canto do desejo. Esperar pela terra para começar a plantar é rebentar de dentro para fora, de tanto que transborda aquilo que já vive internamente. Esperar é preparar as sementes. E toda preparação é incerta. Não se sabe, afinal, se é flor ou se é erva-daninha dentro do grão e toda incerteza, assim como a espera, é espinho que incomoda antes de nascer – machuca o passar dos dias.

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