"Não se afobe, não, que nada é pra já.
O amor não tem pressa.
Ele pode esperar em silêncio
Num fundo de armário
Na posta-restante
Milênios, milênios no ar." - cantou Chico em Futuros Amantes.
Preferia músicas que mantêm meus olhos abertos àquelas que facilitam o seu fechar. Preferia o caminho mais rápido ao que me obriga a pensar na vida enquanto aguardo a fila do congestionamento diminuir.
Gostava mesmo é de jantares prontos em três minutos e, de preferência, que já viessem em embalagens de consumo imediato para não perder tempo lavando o prato da refeição.
O resultado era coisa mais importante no percurso.
A ânsia pelo depois transbordava em mim.
Meu prazer era fruto da rapidez.
Já tive pressa, sede insaciável e febre de saber o que estaria por vir, mas coloquei freios nos pés. Caminhando lentamente é possível olhar ao redor, colher as flores do caminho e sentir o perfume de cada uma delas.
Hoje dou mais valor aos momentos do que à posição dos ponteiros do relógio que insiste em me apressar.
Saio do trabalho, coloco o meu CD do "Great Lake Swimmers" e sinto o som de cada uma das cinco cordas do banjo. Pego o caminho mais longo e já vou pensando no jantar, a cada metro que a fila de carros avança lentamente eu
incluo um item na lista de compras - o jantar vai demorar, mas, quando sair, seu gosto será de satisfação com uma pitada de paciência - e é essa pequena porção de paciência que faz toda a diferença.
Hoje é sexta-feira e fiquei em casa.
A noite mal começou e já me colocaram no grupo dos desanimados. Afinal, como vou encontrar o amor da minha vida se ficar em casa na sexta-feira à noite? Absurdo.
Absurdo mesmo é essa pressa por encontrar alguém para completar aquilo que já nasceu cheio.
Assim como o jantar, que quanto mais tempo no fogo, melhor o gosto; amor e pressa não combinam. Vale esperar o bolo assar por inteiro, demore o tempo que for, a tirá-lo do forno e comer massa crua, que alimenta na hora e faz um mal danado depois.
Haja estômago para aguentar o doce do começo e a azia que chega logo em seguida!
Com o amor é assim: espera e paciência.
O meu bolo não assou por completo nessa sexta-feira. Take it easy.
Coloquei o seriado e o sono em dia.
Cansei de comida feita pela metade, bolo mal assado e café frio.
Meu paladar agora só aceita um banquete por completo, daqueles que nos fazem repetir inúmeras vezes - nem que, para saboreá-lo, eu tenha que assistir algumas temporadas de Game of Thrones sozinha.
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