quinta-feira, 5 de abril de 2012

Esquecimento memorável

Caminhava lentamente sentido cada edifício antigo que compunha aquela rua esquecida.
A cidade foi seguindo a moda futurista e isolando suas ruas históricas, tornando-as diminutas frente às construções livres das ornamentações barrocas.
A história renovando-se a cada dia por meio de demolições, construções e esquecimento.
Criações novas que um dia sairão de cena. O ciclo do novo.

Tempos de paz, tempos de guerra. Tempos de estabilidade, tempos de não-aceitação.


Tempos moldados por situações passageiras.
Cotidiano moldado por tempos renováveis.

Afinal, será mesmo o tempo uma unidade única?

Unidade única ou não, todos os tempos carregam a cura para todas as falhas do seu antecessor.
O filtro que só deixa transpassar situações, fatos e momentos capazes de promoverem mudanças internas e externas mesmo quando um tempo recebe seu ponto final.
Cura mais conhecida como esquecimento.

Caminhava lentamente sentindo cada edifício antigo que compunha aquela rua esquecida.
Imaginando todo os mistérios guardados dentro de cada porta. Importando-se com cada palavra da história presa atrás das grades enferrujadas do portão.
O esquecimento não é permanente.
Os tempos não são desvinculados,  um sempre invadindo as memórias do outro.

Será mesmo esquecer sinônimo de não lembrar?

O esquecimento carrega memórias disponíveis para a recordação, para a releitura.
Recordar. Reler. Relembrar.
Nada melhor que um tempo novinho em folha para Refazer e fazer de novo.



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